sábado, 8 de março de 2008

Exposições e a produção dos alunos de Artes Visuais


Visitar exposições de arte é um exercício interessante para a observação da produção local (que é reflexo, de certa forma, da produção nacional, quiçá internacional).

Na exposição de Venâncio Pinheiro composta de 12 infogravuras-desenho, em que se parte de um simples desenho (quase naïf) com assemblages digitais (colagens) recriando mulheres e crianças que bailam ao sabor do vento, com título "Musas de uma Ciranda Eletrônica", recharça o valor que um bom desenho e as formas experiencialistas que a arte "informatizada" cria, excluindo a simplicidade do desenho manual "não-informatizado". E muito mais do que isso, sugere um rápido amadurecimento que as crianças experimentam ao adentrar tão cedo nessa onda da "informação-rápida" e extremamente acessível, onde a sexualidade é estimulada rapidamente e os modelos de beleza absorvidos (magreza, escovas progressivas, depressivas e afins). Confirmado, nos longos brincos pendurados, adornos utilizados por meninas-moças (criando uma instalação que dialoga com o trabalho infográfico). O partido tomado é interessante (a assinatura e a sequência) como obras únicas ("prints"), que variam de acordo com as condições e o "manejo" com os sistemas de impressão, uma vez que cada impressão e a utilização de papéis podem alterar a obra, em relação a cor e aos efeitos esperados pelo artista, que em seu foro íntimo sabe especificamente a forma que a imagem deve apresentar-se. O espaço não é um dos melhores e influencia (sim!) o trabalho, a não ser que seja a proposta do artista dialogando sobre a influência que o ambiente e o acesso ao álccol cada vez mais cedo acarreta nesse amadurecimento-precoce.

Outra exposição que abriu neste final de semana foi a exposição da "novaiorquina" Tara DePorte cujos trabalhos já percorreram galerias de Paris, Viena, Nova York e São Francisco. Em sua exposição há apenas 5 trabalhos (pouco para uma artista de tamanha produção e tão interessante, é bom ver e ler o site da artista), mas trabalhos estes que são amostra da arte "neo-expressionista" (como caracterizado pelo crítico Vicente Vitoriano) de temática ser-ambiente, o ser-humano e suas relações com o espaço e com o "outro". Amor. União. Sensibilidade.

Os espaços destas exposições (bares) suscitam outras questões: quais os espaços de arte que Natal disponibiliza? ou melhor há espaços para a arte em Natal? os editais não estariam afastando os artistas dos "cubos brancos" da cidade? Acredito que a cidade ainda tem um déficit grande com relação a disposição dos "cubos brancos". Natal tem se desenvolvido muito rapidamente e absorvido, também, artistas que procuram espaços para mostrar seu trabalho. Em contrapartida o Salão do Município, vitrine da produção local, discrimina as produções não-contemporâneas. É preciso criar espaços onde a arte "técnica" possa dialogar com a arte contemporânea, grandes espaços onde a diversidade possa ser exercida.

Ao visitar essas exposições pude comprovar que não há distanciamento entre a produção dos alunos do curso de Artes Visuais, muito pelo contrário, estamos em um rumo interessantemente "laborioso" com resultados interessantes. Basta um fio condutor, um tema e "esse povo vai longe". Produzir já!!!

Um comentário:

  1. Dá-lhe, Artur!
    Escreva mais, escreva sempe.
    Outros comentários, em particular.
    Vicente Vitoriano

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