quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Partir de Novos Horizontes em Branco

Novos Espaços, Sítios Novos

Confias em quem te promete companhia? Contra a solidão? Contra a tristeza? "O frio há de chegar e sentirás só..." Sentado a beira da porta. Faculdade de Belas Artes do Porto. A observar o movimento no passeio. Cansado de procurar lugar para ficar, para pousar... Duas senhoras vem, ao longe, conversando. Me vêem e perguntam se conhecem alguém que precisa de sítio (lugar) para ficar. Não conheço. Sou "novo". Mantenho um diálogo. Falam sobre uma amiga que está interessada em alugar um quarto. Falo sobre a minha necessidade e a cidade. Pegunto-lhes o telefone. Elas não o dão. Mas indicam os caminhos. É perto! Às duas, me encaminho até o lugar para visitar o quarto e ver se tem todos os "equipamentos" necessários para a minha estada. Havia. Acerto. Era quarta, ia na sexta. Tudo certo. Me aparecem com argumentos anti-solidão, não resisto, a final acreditava que conheciam bem tudo isso, mas... Vou. Volto a casa das senhoras para pedir desculpas e tudo já está. Vou de mala e cúia. As promessas são boas, haverá mais espaço em breve e tudo é partilhado. O "em breve" passa e o "tudo partilhado" se transforma em "isso é meu e isso é seu". Coisa que nunca tive em casa. Mesquinhês. Chega mais um tripulante no "submarino amarelo" de dois compartimentos. E tudo se torna binário: dois grupos de dois. "O que é meu é meu" torna-se mais convicto e as esperanças começam a falhar. Os caminhos começam a se fechar. Por quê? Será que já respondi? Talvez... Estou só em uma casa com 4. Preso a torre de onde observo tudo. O "conto" me faz lembrar o da Gata Borralheira, mas sem fadas, nem finais felizes... Solidão e tristeza. Reclamações. Não tenho lugar. Divido tudo, faço parte, mas parece que há sempre uma irmã chata a dizer o que fazer, como tudo deve ser e a reclamar de sua falta de sorte. Religião? Pode ajudar, mas não faz tudo. "Vigiai e Orai", mas "fazere senão não tere". Arrumo os baús uma vez. Mas há um elemento que me liga. Uma parte que me conecta a "bola de ferro" da torre... Não parto. Me escuto partindo aos cacos. E a tristeza aumenta, por querer e não poder. Conheço pessoas. Me ajudam... Já tenho algum lastro. Tomo coragem, bato novamente as asas e parto. Meio triste. Mas necessário para que voe mais alto. Ligo, marco tudo novamente e me sinto livre, e bem acolhido. Um espaço que ainda me destina algumas surpresas...
(continua)

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